quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

POLICIA MILITAR


 

Um certo dia, trancado em um engarrafamento de Porto Alegre, comecei a observar o movimento dos pedestres e me deparo com a imagem de um Policial Militar.
Eis que caio em reflexão sobre a combinação - Policial + Militar – intrigar tanto os estrangeiros, principalmente aos que vem de países desenvolvidos. Foi então que encontrei uma possível explicação não só para o caso, mas para as dificuldades dos próprios Policiais Militares na excussão de suas atividades.

            Primeiramente, penso que alguns estrangeiros sejam muito literais na interpretação de tudo que lhes cerca, neste caso, realmente haveria um contraste muito grande entre Policial e Militar, pois o Policial é o profissional da Lei, enquanto o Militar é o profissional da Guerra. O Policial exige o cumprimento da Lei e recolhe do seio da sociedade, todo indivíduo que feri-la gravemente. Já o Militar é o profissional treinado para agir onde a lei inexiste ou não é reconhecida por ele, neste caso, na guerra. Aqui, a ordem do superior deverá ter o peso da Lei.
            Não sei se atualmente é assim, mas até meados do ano 2000, para ser admitido nas fileiras do Militarismo, o indivíduo deveria ser diferente do cidadão comum, ou seja, não poderia almejar o mesmo que o público civil e, tão pouco, gozar dos mesmos direitos.
O soldado não poderia ter filho e nem ser casado. Todo Militar poderia ser preso sem direito à defesa e contraditório pelo seu superior hierárquico e, ainda por cima, sem gozar do Direito Constitucional do Hábeas Corpus.
            A Policia Militar após projetos como o “Policia Cidadã”, tenta algo inédito que é aproximar-se do cidadão “comum”. Este foi um grande passo no caminho da civilização do Policial Militar, tanto que os projetos retiram a condição de Militar. Afinal de contas, não soaria bem aos ouvidos “POLICIAL MILITAR CIDADÔ.
Entretanto, acredito que o ranço da caserna do militarismo ainda dificulta muito este trabalho, pois alguns Policiais Militares ainda acreditam que “Militar” é uma espécie diferente de ser humano. Tanto é verdade, que ainda aluno-recruta o Militar é tratado como bicho, na intenção de arrancar sua consciência civil. São meses de humilhação, pressão psicológica e situações de estresse físico para que ele possa estar frente da sociedade vestindo a farda da instituição Militar. Logo, querem se aproximar daquilo que já não se identificam mais.
            Pergunto-me se não seria mais econômico para o Estado contratar mendigos, pois bastaria lhes dar os ensinamentos técnico e teórico e estariam prontos. Afinal de contas, mendigos dormem até de olhos abertos para não serem queimados vivos.
            A valorização do Policial Militar deveria começar pelo próprio canal de comando, talvez, tirando a visão rançosa do militarismo que ainda resta, podendo assim ver o subordinado como um cidadão e não como um peão de tabuleiro. Conseqüentemente, o subordinado irá repassar isso para sua relação com o publico externo, o cidadão.
            A própria hierarquia e disciplina será mais efetiva, pois não seriam mais sinônimos de humilhação e vaidade.
            Creio que chegou a hora de revisarmos nossas instituições arcaicas para nos adaptar aos novos tempos e as novas gerações. A Policia Militar evoluiu seu armamento e sua tecnologia, entretanto, a estrutura e as vaidades inerentes à caserna permanecem intactas, fazendo com que sua base permaneça insatisfeita e desmotivada em meio à sociedade.

José Ernesto Marti 

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